Inquietante

O aviso deixado pelo presidente da Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica sobre a fragilidade dos edifícios portugueses no que toca à capacidade ou falta dela para resistir a um sismo de grande intensidade é inquietante e muito grave. Teremos que assistir a uma catástrofe como a dos incêndios para perceber a gravidade da situação?!

Confesso que este é um tema que me preocupa e me tem deixado em alerta, no último ano temos assistido a uma cada vez mais intensa, quantidade e intensidade da atividade sísmica em Portugal. Ainda há poucos dias foi sentido um sismo na região centro e norte do pais que teve uma intensidade 5.2 com um epicentro no mar mais propriamente em Peniche. A 'sorte' é que foi no mar porque um sismo de 5.2 já tem uma gravidade muito considerável e causa muitos danos. 

Infelizmente ao ler a noticia veiculada hoje na comunicação social não fico propriamente surpreendida mas gostaria que quem tem responsabilidades começasse a pensar com seriedade nestas possibilidades que estarão mais próximas do que provavelmente imaginamos... 

Noticia da tsf abaixo: 

' "Ficarão debaixo dos escombros."
Engenheiros alertam para falta de resistência sísmica

O alerta visa casas, escolas e hospitais. Em caso de sismo, muitas das estruturas não resistirão.

Foto: REUTERS

A Sociedade Portuguesa de Engenharia Sísmica está muito preocupada com a pouca resistência de grande parte dos hospitais, escolas e edifícios de habitação, incluindo grande partes das casas alvo de reabilitação na última vaga de recuperação de edifícios no centro das principais cidades.

O presidente, João Azevedo, explica à TSF as duas principais preocupações que se arrastam há anos: "Nas construções novas basta que um técnico diga que cumpriu a legislação e ninguém vai verificar. Depois, nas reabilitações, também não há fiscalização e existe um decreto-lei que diz que é suficiente que não se piore a segurança que já existe, mesmo que essa segurança sísmica seja muito má..."


"Antes as câmaras municipais tinham equipas para fazer esse escrutínio e hoje não têm", garante o especialista e professor catedrático do Instituto Superior Técnico alertando que todos sabemos que mais dia menos dia Portugal vai ter um grande sismo. Mesmo que estas preocupações pareçam distantes, um dia serão reais, tal como aconteceu em 2017 com mais de uma centena de mortos nos incêndios florestais.

"Crime" e "oportunidade perdida"

João Azevedo acrescenta que a lei portuguesa até não é má, o problema é garantir que é cumprida. Além disso, há normas europeias que se ensinam na universidade há cerca de duas décadas, mas que o Estado nunca passou para a legislação em Portugal.

"Tirando as grandes obras públicas como a Ponte Vasco da Gama (que deve ser um dos sítios mais seguros do país), em tudo o resto nós não sabemos como é que o projeto foi executado", detalha o representante da sociedade que reúne os engenheiros especialistas em sismos.

João Azevedo fala numa "oportunidade perdida" e num verdadeiro "crime". "Temos quase a certeza que muitas obras de reabilitação estão a ser mal feitas pois vemos todos os dias aqueles contentores com tijolos e paredes a serem deitadas abaixo e temos a sensação que nem projeto haverá, algo que as pessoas que lá estarão nem vão notar pois a seguir a um sismo ficarão debaixo dos escombros", alerta João Azevedo.

Recorde-se que uma das regras que a Autoridade Nacional de Proteção Civil apresenta para nos protegermos em caso de sismo é conhecer, previamente, a resistência sísmica da casa onde vivemos .

Os riscos extra dos hospitais

Quanto a edifícios públicos como escolas e hospitais o especialista admite que já nota preocupações em aumentar a segurança sísmica quando são feitas obras de fundo, mas o problema é que muitos destes edifícios não têm obras de fundo há décadas: "Tenho muito medo pois não é só garantir que não caem, mas também que estão operacionais quando são necessários".

João Azevedo acrescenta que "não se percebe o risco de ter um hospital como o Santa Maria ou o São José ou como outros que do meu ponto de vista não estão seguros como deveriam estar em caso de sismo".
Nas recuperações e novas obras neste tipo de edifícios públicos a preocupação com os tremores de terra já existe, diz o especialista, mas é pouca, dando o exemplo dos sistemas de engenharia que permitem que os edifícios abanem mas não fiquem com danos graves.

"Como é que se continuam a construir hospitais sem esses sistemas que já são obrigatórios em países como o Perú, a Turquia, sendo o dia-a-dia em países como os EUA, a Itália e a Nova Zelândia", questiona João Azevedo, que diz que em Portugal só conhece um hospital com este tipo de construção antissísmica.'

In TSF 5-11-2018PARTILHAR
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